quinta-feira, 19 de novembro de 2009

São Paulo busca talentos no atletismo para Rio-2016, diz presidente da FPA



José Antonio Martins Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo, faz um balanço da modalidade na temporada

São Paulo (SP) - José Antonio Martins Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA), sabe que o ano de 2009 não foi dos mais fáceis para o atletismo nacional e também para o paulista. Principalmente devido ao fechamento temporário do principal centro de treinamento do Estado, a pista do Estádio Ícaro de Castro Mello, no Ibirapuera.

Apesar das dificuldades, o dirigente faz um balanço positivo da temporada e enaltece o trabalho realizado em dois projetos geridos pela entidade e que considera de altíssima importância para o crescimento e o surgimento de novos valores do esporte, casos do "Atletismo em Ação” e do Centro de Excelência.

Este último é destinado a atletas jovens de alto rendimento e que podem prover a equipe brasileira na Olimpíada do Rio-2016, outro ponto que o presidente classifica de como importantíssimo para o esporte nacional em 2009.

Prestes a acabar, o ano de 2009 foi, no mínimo, atípico para o atletismo paulista. Como analisa isso?

Em termos de infraestrutura, o atletismo de São Paulo está passando por uma saudável fase de reestruturação. Com a necessária reforma da pista do Estádio Ícaro de Castro Mello, no Ibirapuera, nos vimos obrigados a fazer mudanças no nosso Calendário de Atividades, que é um dos maiores da América do Sul. Os atletas estão sofrendo mais com a falta de local adequado para realizar treinamentos. Mas, por outro lado, estamos realizando mais eventos no Interior, algo importante dentro da nossa política de descentralização de atividades.

Como analisa a participação do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo nesse trabalho?

Analiso como muito positiva e essencial para o fortalecimento da modalidade. Muita gente critica o fato de não termos realizado a mesma quantidade de competições que estamos habituados a ter em São Paulo durante o ano de 2009. Mas a reforma da pista era urgente e necessária. E, dentro do cronograma político, está se viabilizando, assim como a reforma e a adaptação, pela Prefeitura, do Centro Olímpico. Existe um grande empenho do Governo e da Prefeitura para adequar os locais. Apenas o cronograma é que nos deixa preocupados.

Cronograma político? Explique melhor...

Estamos numa democracia. Qualquer iniciativa deve envolver os três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. O Governo determina a realização de certa obra. Todavia, trabalha com orçamento e precisa, também, de aprovação da iniciativa por parte da Assembléia Legislativa. O caminho a percorrer é, por vezes, mais demorado do que na iniciativa privada, cuja prestação de contas é bem diferente. Nós, da FPA, estamos acompanhando todos os passos de perto. E temos a certeza de que o atletismo sairá fortalecido. Especialmente pelo momento histórico que o desporto brasileiro está vivendo, com a realização de dois grandes eventos de porte, como a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíada de 2016. A infraestrutura vai melhorar. A descoberta de novos talentos e a consolidação dos atuais, também. Espero que o Brasil repita o exemplo da Austrália e Espanha, países que, depois de seus Jogos Olímpicos, melhoraram em seu desenvolvimento esportivo interno e, consequentemente, no quadro de medalhas.

O trabalho de base deverá ser fundamental nesse sentido, certo?

Sim. E ele está acontecendo e deverá ser ainda mais aprimorado. Cito como exemplo os clubes filiados à Federação, diversos projetos sociais, as Escolinhas de Atletismo e os Núcleos de Atletismo, projetos da FPA realizados em parceria com o Instituto Memorial do Salto Triplo e o Governo do Estado de São Paulo, os Centros de Descoberta de Talentos, projetos da FPA em parceria com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que presta ajuda essencial aos melhores ranqueados e, especialmente, o Centro de Excelência Esportiva, mantido e ampliado pelo Governo Serra, através de sua Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo, comandada por Claury Santos Alves da Silva, além de projetos desenvolvidos pela FPA com a Lei de Incentivo Fiscal.

Fale um pouco mais do Centro de Excelência.

Esse programa faz parte do conceito "São Paulo, Potência Esportiva”, criado com o objetivo de articular e potencializar políticas públicas destinadas ao surgimento de aptidões esportivas, integrando ações entre os setores públicos e privados na promoção e gestão estadual de competições. Foi criado em janeiro de 2004 e tem, entre suas ações, os campeonatos estaduais de esporte, cursos na área esportiva e esporte para atletas portadores de necessidades especiais. Nesse contexto está incluído o Centro de Excelência, antigo Projeto Futuro, que tantos valores deu à nossa modalidade e outras, como a primeira campeã olímpica da história do Brasil, Maurren Higa Maggi, e também o judoca Aurélio Miguel, dentre tantos outros.

A FPA está fazendo tal gestão esportiva desde o ano passado. O que oferece o Centro de Excelência?

Convém ressaltar, primeiro, a brilhante atuação do professor Nelson Gil de Oliveira, o gestor do programa, com o qual temos excelente relacionamento. Isso posto, consideramos o Centro de Excelência muito próximo do sonho de cada administrador esportivo sério. Para um melhor rendimento dos jovens atletas, a Secretaria disponibiliza uma invejável estrutura, disponibilizando atendimento médico, odontológico, psicológico, nutricional, fisioterápico e técnico. São todos profissionais qualificados e competentes. Os atletas são residentes, recebem alimentação, suporte nutricional, fisioterapia, assistência psicológica, etc. E, importante, devem estar estudando. Assim, vamos, juntos, concretizando o objetivo de proporcionar efetivas condições aos talentos para, então, formá-los e integrá-los às seleções paulista e brasileira.

Quem pode participar desse projeto?

São aceitos no projeto os atletas de destaque, na faixa etária de 15 a 22 anos. Os valores com mais de 18 anos podem permanecer, desde que estejam entre os primeiros colocados no ranking nacional e necessitem de amparo governamental para treinar e estudar. Os interessados podem enviar currículo para as seletivas que acontecem todos os anos entre os meses de outubro a dezembro, preenchendo as vagas para o ano seguinte.

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