quarta-feira, 15 de maio de 2013

E a saúde? por Paulo Reims


E a saúde?

Paulo Reims


No dia 6 pp foi divulgada a notícia de que o Brasil trará 6.000 médicos cubanos para atender moradores de áreas carentes do nosso país. A matéria dizia que os detalhes ainda estão sendo negociados.



Não tenho absolutamente nada contra os médicos cubanos. São profissionais bem preparados. Tenho certeza de que eles virão com o objetivo maior de servir, e que ficarão satisfeitos com os honorários que receberão, com certeza muitíssimo maiores do que aqueles que recebem em Cuba. Lá, todos os trabalhadores recebem o estrito necessário para viver. Porém, algumas categorias, como a dos médicos, gozam de alguns privilégios, mas nada que caracterize acúmulo ou mordomias. Realmente, não tenho preconceito contra a medicina cubana. É um país pequeno que investe quanto pode na área da saúde e da educação, e os médicos de lá o são por vocação.



Sou plenamente de acordo que as condições de vida em Cuba, de maneira geral, poderiam ser melhores, mas infelizmente as sanções e embargos econômicos impostos pelos USA não permitem que isto aconteça. A quase totalidade dos cubanos sabe disso. É um povo alfabetizado no verdadeiro sentido da palavra. Um amigo cubano me disse: “O povo cubano sabe que nosso país não é nenhum paraíso, mas sabe também que, se não tivesse havido a revolução, seríamos um povo analfabeto e escravos cortadores de cana para os USA”. E realmente ele falou a verdade, basta ter presente o que falou o Secretário de Estado dos USA em meados de abril passado: “John Kerry qualificou  nesta quinta feira a América Latina,parodiando a doutrina Monroe, ex Presidente dos USA, como “Quintal dos Estados Unidos”  e não como uma região vizinha soberana e independente  que abriga diferentes nacionalidades, com diferentes ideias, tendências sociais, econômicas e culturais”.



Por outro lado, quem tem 50 anos de idade, ou mais, e não pertenceu à elite burguesa, sabe que criamos muitas necessidades desnecessárias que viraram hábito. Eu vivi a época em que se precisava de muito pouco para viver. Muito bem nos alertou Pepe Mujica, Presidente do Uruguai, na “Rio+20”, em junho de 2012: “O maior problema das sociedades ricas é o consumismo exacerbado, criando problemas sociais e ecológicos muito sérios. A economia de mercado e a globalização é que estão nos governando, quando deveria ser o contrário. Desta maneira se destrói a fraterna solidariedade geradora de vida para todas as pessoas. Pobre não é quem tem pouco, mas sim o que necessita infinitamente muito, e de mais e mais...”. Uns morrem de obesidade e outros de desnutrição. Com absoluta certeza “o problema do mundo não está no número de comensais, mas na justa distrbuição das iguarias sobre a mesa”, disse Paulo VI na ONU em 1965.



Mas voltando aos médicos que virão de Cuba. Claro que temos falta de médicos no Brasil, tanta que uma amiga minha marcou uma consulta com um especialista, pagando a consulta, em um centro médico considerado bom, e só conseguiu ser atendida esperando na fila por um mês e meio, e seu caso era urgente. Porém, o que me preocupa não é tanto a falta de profissionais. Ouvi de amigos médicos o seguinte: “Nós até iríamos trabalhar nas regiões carentes deste enorme país, mas lá não existem ambulatórios e hospitais devidamente equipados, desta forma não temos como atender o povo”. Assim, fico preocupado que os médicos que virão de Cuba passarão por incompetentes por não disporem da instrumentalização necessária para bem atender ao povo.



Nossa cidade, comparativamente, está bem servida, claro que ainda falta muito aprimoramento, mas diante da situação do interior do país estamos razoavelmente bem atendidos. Nossos postos de saúde em todos os bairros acolhem muito bem os munícipes e os encaminham para outras instâncias, quando necessário.



A Presidenta Dilma encaminhou projeto solicitando que o Congresso Nacional aprove o repasse de l00% dos royalties do petróleo para a educação. Poderia ser feita uma divisão, metade para a educação e metade para a saúde. Ou buscar outra forma de equipar as casas de saúde deste país. Já foi tanto dinheiro para construção e reformas de estádios, com tecnologia de ponta, que serão tão pouco usados, comparando com a saúde que deve estar pronta para atender o dia todo e todos os dias! Realmente não consigo entender esta questão, mas creio que é possível uma solução, e urgente, para atender às camadas mais carentes do povo que merece e precisa de cuidados.

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